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Resenha: Beasts of No Nation (2015)

Por: | 10:33 Deixe um comentário

Avaliação

No dia 16 de Outubro, o Netflix lançou seu primeiro longa adaptado do romance do autor Uzodinma Iweala que teve sua exibição simultânea com redes selecionadas de cinemas. Sejamos sensatos, em época de grandes esperas e sucessos de bilheteria, dificilmente darão espaço para um filme sem grande publicidade, embora seja de qualidade indescritível como a maioria das produções do serviço streaming. E depois de assistir esse filme, é compreensível que diversos estúdios cinematográficos estejam se sentindo ameaçados com as produções do Netflix.

O protagonista é Agu (Abraham Attah), uma criança que vê seu lar, amigos e família serem dizimados pela guerra civil que está tomando um país no oeste da África. O pequeno foge e é capturado por um exército de crianças orfãs que agem sob as ordens do Comandante (Idris Elba). O jovem agora luta ao lado de seus semelhantes, motivado a reencontrar o que sobrou de sua família. 








Beasts of no Nation é o terceiro longa do americano Cary Joji Fukunaga (True Detective). Embora não conheça muito de seu trabalho para comparar, o cineasta teve todo cuidado em produzir com sensibilidade, mesmo que de forma crua, essa realidade pouco retratada com um diferencial em produções cinematográficas.

Mesmo em um cenário onde mostram crianças guerrilhando como homens adultos, num conflito de medo e esperança. Fukunaga corta para momentos em que mostra que parte da infância e sonhos que ainda não foram totalmente corrompidos. Momentos em que podem sonhar com o beijo da mãe, uma cama quente para dormir e um prato de comida. O diretor também trabalha a união de cores que dá vida a essa realidade marrom e cinza com branco, azul, verde e vermelho.

O personagem vivido pelo Idris Elba partilha do destaque do pequeno Agu. Um personagem manipulador e nojento mas com toque paternal. Ele instrui crianças para sobreviverem ao inferno em que vivem, armando-os até os dentes mas tentando empenhando-se a dar a elas o que o que foi tirado pela guerra, violência e destruição: família. 


Muito da qualidade do filme da-se pela narrativa, o pequeno Agu descrevendo cada momento e sensação durante suas jornadas sangrentas, expondo-o de dentro pra fora.

"Agora conheço o cheiro dos mortos. São doces como cana-de-açúcar. E podre como vinho de palma"

Por mais espetacular que possa ser o trabalho do Fukunaga, não foge à cabeça a ideia de que ele possa ter sido oportunista em relação a visão extremista violenta. Infelizmente, é a impressão que se dá a tudo que venha a ser retratado cinematograficamente por um cineasta americano, o estereótipo. De maneira nenhuma desmerecendo o trabalho do diretor.

Esse filme faz a gente perceber que, a verdadeira realidade está nos cinemas. E nós é que vivemos uma história de ficção. É uma bela obra. Eu sempre gostei bastante de filmes que me façam pensar na minha vida e no mundo em que vivo. Em tudo, pra falar a verdade.

Netflix mandou bem demais nessa sua primeira produção sem ser uma série ou um documentário, se isso é só o começo do que estar por vir, os estúdios Hollywoodianos que se segurem.

Direção: Cary Joji Fukunaga
Elenco: Idris Elba, Abraham Attah, Jude Akuwudike, Emmanuel Nii Adom Quaye.

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