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Análise: The Last of Us (2013)

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Avaliação
Este é um daqueles jogos que você verá passar por muitas gerações. Talvez apresentará aos seus filhos ou amigos marmanjos. E que, quando estiver velho, vai pegá-lo na mão e dizer "É, bons tempos". Eis que finalizá-lo uma só vez também não será o suficiente. A história do jogo te envolve de tal forma, que o mundo a sua volta parece deixar de existir por horas, dias, semanas, meses.

Tomando o universo dos games e 2013 como "Jogo do ano" eleito pelo BAFTA Game Awards e vencedor de mais 60 prêmios em 20 eventos diferentes, The Last of Us foi produzido pelo mesmo estúdio do clássico e inesquecível "Crash Bandicoot" e a série Uncharted, que chegou enchendo a boca do estômago dos gamers de porrada com um dos melhores enredos que o mundo dos games já conheceu.

The Last of us é um jogo de ação, survival horror em TPS lançado em junho de 2013 pelo estúdio americano Naughty Dog.

Quando uma pandemia devasta mais da metade da população americana, destruindo o país caberá a você e somente a você, saber o que fará para sobreviver. Joel é um contrabandista de armas e também sobrevivente que presenciou desde o início a destruição causada por esta praga infecciosa que reduziu mais de 60% da humanidade há 20 anos atrás. Joel terá a missão de escoltar a pequena Ellie até os vaga-lumes, um grupo de rebeldes que lutam em busca de uma cura para a infecção.

Você terá introdução que trará acontecimentos relevantes na história para então poder iniciar sua jornada no que restou dos EUA. A situação chega a ser tão caótica, que você vê os sobreviventes viverem e agirem como animais, por ser esta a única opção que restou à eles. A violência, brutalidade e palavrões não são poupadas. E não há lugar para covardes.












No início, Joel trata Ellie como nada além de trabalho. Ela é só uma entrega a ser feita. Nada de contato ou afeição. Enquanto a garota tenta a todo custo roubar um pouco de atenção do coroa ranzinzo. Ou ainda que em vão, descontrair o momento com piadas ralés que ela lê em uma revista velha que encontra no meio do caminho. Ellie parece ser uma criança corajosa, inocente e bastante extrovertida, mas vai além disso.

As emoções pouco deixadas aqui não são nada perto do que o jogador viverá. Você criará laços com os personagens. Os parentes, os amigos e outros sobreviventes que encontrará durante o jogo. Todos eles de personalidade forte, bastante cativantes e que de certa forma, irão marcar a sua vida, mesmo que fiquem pouco nela. Em certo ponto, Joel de dará conta da importância e presença da pequena Ellie. Depois de tantas situações delicadas, discussões, altos e baixos que acabam aproximam os personagens. Você se dará como responsável pela criação do laço familiar mais bonita da história.

Jogabilidade

É possível fazer muito, sem se sacrificar tanto. O personagem corresponde bem ao controle. E as miras das armas são fáceis de sincronizar ao alvo. Golpes com bastões ou na de próprio punho também são deferidos como deveriam, atingindo o inimigo onde deve e possibilitando seu enfraquecimento para então finalização da porradaria. Por mais que você atinja tiros na orelha, no nariz ou no olho de alguns inimigos, ele leva um certo tempo para aceitar a morte. E quando você acha que a barra está limpa, levantam três de uma vez descarregando o pente em você. 

Equipamento

É possível carregar objetos secundários, como tijolos — que podem ser usados tanto para distrair o oponente, quanto para atingi-lo — tacos de beisebol, pés de cabra e pedaços de madeira. Ferramentas e materiais recolhidos durante o jogo possibilitam a criação e melhora de armas. Como bomba de pregos, coquetel molotov, facas e kit de ataduras, que é bastante limitado assim como munição, o que exigirá o dobro de cautela e discrição do jogador. Aqui é cada um por si. Não espere que alguém vá te salvar do buraco, ainda que você faça isso pela pessoa. Nem que ela hesitará em disparar uma arma na sua cabeça se a sobrevivência dela depender disso.

Estratégia

O jogo exigirá de você muita habilidade, mais do que com armas e no combate corpo a corpo. Mas a sutileza em fugas e situações que exigem que você passe despercebido. Isso não é só para dificultar que o inimigo o veja ou encontre, piorando a situação, expondo-o e o deixando vulnerável. Afinal, como já foi citado, infectados ou não, você é um alvo de todos, evite se tornar um alvo fácil. Caçadores, assim como Vaga-lumes também são um grupo de sobreviventes, mas que diferente dos vaga-lumes estão mais preocupados em garantir a sobrevivência de amanhã do que buscar uma cura. Andam em bando. São perigosos e violentos. E tão ameaçadores do que infectados.

A ideia estratégica para evitar ser notado:

1. Devido a munição e os equipamentos médicos serem limitados, deverão ser usados em situação de extrema urgência. E quanto menos estas situações vierem a surgir, melhor. Afinal, sua saúde não se regenera.

2. Caçadores quando não estão em grande número, e ainda que estejam, é possível eliminá-los silenciosamente agarrando por trás e esfaqueando ou estrangulando. O que rende em munição e evita que o oponente tenha a oportunidade de desferir-lhe golpes.

3. Em respectivos estágios da infecção, existe a possibilidade de eliminar um hospedeiro no golpe corpo a corpo e sútil como outros oponentes, sem correr tantos riscos ou chamar a atenção do resto do bando.

Ophiocordyceps Unilateralis

Ophiocordyceps Unilateralis é um fungo que realmente existe e foi descoberto em 2012 por pesquisadores de uma Universidade na Pensilvânia. Ele ataca somente formigas infiltrando-se em seu cérebro para se alimentar. No jogo, esta mesma parasita sofre uma mutação que a torna capaz de afetar a raça humana, se expostos. Seguindo a mesma forma de infecção que as formigas, isso vem também a alterar o comportamento da vítima.

A infecção possui quatro estágios, que tornam o hospedeiro mais agressivo a cada um. E mais difíceis de matar também.

1. Runner: Eles te vêm e te ouvem muito bem. E possuem a aparência de zumbis de Resident Evil, mas com o comportamento dos zumbis de "Guerra Mundial Z" que vêm desvairados para cima de você e distribuem todo tipo de golpe brutal que conseguirem até desfigurar sua cara.

2. Stalker:  Os fungos já começaram a transbordar pelos orifícios do seu corpo te destruindo de dentro para fora. Diminuindo a possibilidade de enxergar e deixando-o ainda mais agressivo.

3. Clicker: Neste estágio, o hospedeiro já está com a aparência transformada/deformada e sua visão já foi danificada o suficiente para que você não seja notado a não ser que faça barulho. O que dá sentido às dicas de estratégia. Devagar e em silêncio você se livra destas pragas. Eles são lentos, captam sons à longa distância e é quase impossível derrubá-lo na porrada ou até mesmo com objetos secundários, a não ser que você seja bom. Se te pegarem, é morte na certa.

4. Bloater: Este é o estágio final da infecção até que o fungo tome completamente o hospedeiro dando-lhe raízes em solo e expondo seus órgãos para fora do corpo, matando-o. Com este você pode esquecer a ideia de querer bancar o Bruce Lee e sair na voadora. Ele exigirá suas armas de maior porte e as bombas de prego e coquetéis Molotov caíram muito bem. Ele libera esporos infecciosos que podem fazer você contrair o fungo como um "vírus" no ar. O armamento improvisado tem mais efeito sobre ele do que sua pistola e seu riffle, pense nisso.





Visual e Técnica.

Os gráficos não são só lindos, são cuidadosamente detalhados. Se encarregando de nos contar parte da história que não é narrada claramente. E o pesadelo que a humanidade têm vivido há 20 anos. A cada vez que você entra em uma casa ou no que sobrou dela, você pode ver retratos da família que morava ali.  Cada cômodo, cada canto faz um filme passar diante dos nossos olhos ao imaginar a vida que essas pessoas tinham e ao que foram obrigadas a se submeter para conseguir viver mais um dia que seja. Quartos de crianças, com brinquedos espalhados, guarda-roupas vazios. O que era um lar, passou a virar um esconderijo para refugiados. Colchões encardidos no chão, janelas e portas pregadas, comida estocada, louça quebrada, material de leitura queimado. Estabelecimentos, praças públicas, bibliotecas, hospitais, ruas, todas devastadas pelo caos, mas com detalhes capazes de mostrar como tudo ficou do jeito que estão e nos fazer deduzir de forma clara o que já houve ali.

O ponto negativo do jogo foi citado por muita gente. E é o único que realmente afeta o jogador, mesmo que não tanto no jogo. O silêncio e conservação exigida em respectivas situações não são levadas em conta pelos personagens que o acompanham. Muitas vezes você vai estar se arrastando de uma caixa à outra para não ser notado por um estalador (Clickers) enquanto seus amigos estarão correndo, invadindo área inimiga — muitas vezes com a lanternona acesa — e conversando. E enquanto você não se dá conta de que parte deste comportamento automático dos personagens não afeta diretamente seu jogo, você se pegará diversas vezes surtando, gritando e recitando uma lista imensa de palavrões em ordem alfabética e mordendo o analógico do joystick.












Downloadable Content

Como esta garota audaciosa entra de sopetão na história, a gente acaba por nem saber direito de onde ela veio, quem ela é, e o que fez para sobreviver até aqui. Adquira a DLC "The Last of Us: The Left Behind" na PNS, que eu chamo de prelúdio e que conta um pouco da história antes de The Last of Us e da garotinha Ellie e sua amiga Riley antes de tudo aquilo acontecer. Recomendado que jogue só depois de finalizar o jogo.

Esta história irá te conquistar de uma forma como nenhuma outra já fez.

The Last of Us foi desenvolvido pela Naughty Dog e lançado pela Sony. 
Exclusivo para Playstation 3.