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Resenha: Carrie - A Estranha (2013)

Por: | 00:08
Avaliação

Carrie é uma adolescente criada sob rígidos costumes religiosos por sua mãe obcecada e doentia, Margaret. Por entre os conflitos que tem com os colegas de escola por sofrer bullying, descobre que pode fazer coisas não muito comuns entre os jovens da sua idade. E após abusarem das brincadeiras, bom, talvez esta seja uma boa hora de fazê-los parar de caçoar dela.

Convenhamos que, o que vem estragando muito as coisas hoje em dia é a modernidade. E isso acaba se encaixando muito em filmes, — principalmente refilmagens, que acabam destacando as gafes. — É o que acontece com a terceira refilmagem de Carrie - A Estranha. Começando que, a Carrie era para ser uma menina totalmente escrota, mas aí eles colocam a Chloe Moretz, que é tão bonita, que mesmo esquisita e até com um membro do corpo a menos, seria difícil dispensar.

Eu gostei do fato de explorarem mais a personagem, sem deixá-la ser uma mera adolescente sonsa e esquisita. Carrie questiona sua mãe, do porquê não tê-la informado sobre a tal da menarca ou afrontá-la ao tentar impedir que vá ao baile de formatura com um rapaz. "Eu vou e acabou. E não tenta me impedir não, senão te lanço da janela".



A tal da telecinesia: O que pode ser assustador na versão de 1976 dirigida por Brian de Palma é que raios muita gente não sabia o que Carrie tinha/era na verdade, até certo ponto do filme. Nesta versão de 2013, Carrie além de ser uma garota meio petulante — terá Chloe trazido películas da arrogância de Hit Girl para Carrie? Brincadeira... — ela parece bem ciente do que sabe fazer.

Diferenciando o Gran Finale: Na versão citada de 1976, na famosa cena da formatura onde os colegas de escola de Carrie jogam sangue de porco sobre sua cabeça após ser nomeada a rainha do baile, Carrie por tamanha incredulidade e raiva parece ser tomada, sem nenhum controle próprio, por aquilo que sabe fazer, seu grande dom, não poupando qualquer um que esteja na sua frente, e tão pouco se importando com o seu par da formatura estatelado e com o cérebro metaforicamente espalhado pelo chão.
Na versão atual, após passar por tal humilhação, parece estar bem ciente da raiva e com tudo sob controle, escolhendo um por um a quem irá eliminar, tendo desta vez escapado até a professorinha legal que ajuda e aconselha o filme inteiro. Carrie domina seu poder, e o usa como bem achar melhor, até voar como o Superman ela voa, no meio do salão.

No que Kimberly Peirce — responsável pelo memorável "Meninos Não Choram" — me chateou, comparando sua visão cinematográfica com a de Brian de Palma, a mulher tem sempre seu lado materno bastante intenso, — algumas delas — o que ela demonstrou em Margaret White, interpretada pela maravilhosíssima Juliane Moore, que por mais doentia que ela pareça, ela tinha uma afeição superficial pela Carrie, diferente da Margaret do Brian de Palma, totalmente obcecada pela religião que seguia, à ponto de segurar a filha com vida até quando Deus achar que deve. Na verdade, Juliane Moore foi um espetáculo neste filme, eu nunca vi uma personagem demonstrar um envelhecimento espontâneo devido ao sofrimento criado estupidamente por ela mesma. O fato dela própria se torturar fisicamente, quando achava que estava desagradando Deus soou meio "O Albergue" até.



No que falhou este remake, que mesmo tão superficial acabou me surpreendendo, talvez pelo fato de eu não ter esperado absolutamente nada dele. Uma Carrie muito bonita e supermoderna pra uma personagem caçoadinha e problemática. Muitas explicações. O forte dos filmes de terror/suspense e qualquer película que siga este gênero é o mistério, é a curiosidade, é não compreendermos o suficiente o que raios está acontecendo ali. Por mais que conhecêssemos a história de cabo à rabo. Quando é bom, sempre é gostoso e inovador assistir. E Carrie não foi.

Carrie - A Estranha (Carrie)
Direção: Kimberly Peirce
Elenco: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Alex Russell, Ansel Elgort, Karissa Strain, Gabriella Wilde.