Kung Fury, interpretado pelo próprio David Sandberg, um mestre em Kung Fu que viaja no tempo para matar Adolf Hitler, também conhecido como Kung Führer. Durante a viagem um erro na máquina do tempo faz com que ele passe da época e vá parar era dos vikings, onde guerreiras formosíssimas cavalgavam em seus lobos e dinossauros exterminando laser-raptors. Com ajuda, o rapaz consegue um meio de voltar no tempo até a Segunda Guerra Mundial e impedir Hitler de dar continuidade em seus planos.
Kung Fury é um curta-metragem sueco dirigido por David Sandberg, dentre a irrelevante carreira (até Kung Fury), o jovem dirigiu comerciais e alguns videoclipes. E não é de acreditar que se tenha uma mente tão criativa e brilhante. A realização do projeto de deve ao financiamento coletivo no Kickstarter, onde divulgaram um trailer apresentando o que seria projeto e solicitando arrecadação, o que é mal visto por alguns mas que na verdade é um meio justo e inteligente de se idealizar um projeto, que foi o caso de Sandberg. É uma porta a ser aberta para mentes brilhantes que tem muita qualidade a agregar na indústria do cinema. Inicialmente a meta era arrecadar US $ 200.000 para fazer um filme de 30 minutos. O Kickstarter foi encerrado em janeiro de 2014 e o rendimento foi US $630.019 de dólares. A nova meta agora é de 1 milhão de dólares para que a história seja reescrita e venha a se tornar um longa metragem. Através desse projeto Sadberg pode dar um pé na porta de grandes estúdios e agregar muita diversão e entretenimento para os nerds e fãs de clássicos.
O character de Kung Fury é uma aglomeração de Rambo, Liu Kang (Mortal Kombat), Daniel San (Karatê Kid) e Ryu (Street Fighter) num só personagem. O filme por ser considerado paródia, não é nada desse círculo Hollywoodiano que eles pegam estrelinhas para interpretar outras estrelinhas em paródias com roteiros mastigados e vomitados. Este além de ser uma puta paródia, não possui qualquer trocadilho ou referência. Cada jogada é pra fazer o espectador esboçar reação sim, "Putz, meu", "Nossaaa" "Ah... "Nome do filme"".
O filme em si possui um efeito VHS, como aqueles que nossos pais deixavam gravando pra ver depois, com filmes do Steven Seagal, Charles Bronson e Van Damme, com chuviscos e tudo. A ideia é ser um filme amador, mas além de não ser amador, ainda dá de dez à zero nas porqueiras caríssimas que a indústria cinematográfica vem cuspindo pra gente. Desde um Power Glove da Nintendo a uma estação de jogos Arcade, que além de serem relíquias e um grande sucesso da época, é semelhante a que Jeff Bridges jogava em 1982, em "Tron". Que inclusive, a máquina em que os caras jogam tem um logo da "LaserUnicorns", que é o nome da equipe por trás do filme.
O pulo do alto do prédio pra dentro do carro, é uma ideia propositalmente absurda pra satirizar clichês da forma mais qualificada e humorada possível. As últimas palavras são quase sempre um trocadilho, exatamente como os heróis dos filmes de ação faziam antes de finalizar os adversários.
O Triceracop aparentemente se refere ao clichê de parceiros negros em filmes policiais da época, como "Miami Vice" (1984 - 1990), "Lethal Weapon" (1987), "Beverly Hills Cop (1984), "Police Academy" (1984) entre outros. E diretamente a "RoboCop" (1987) também.
Hackerman é o amigo de Kung Fury que opera a máquina do tempo, capaz de hackear e extrair até projéteis. Este personagem é uma referência direta a Weird Al Yankovic, um músico parodista famoso que satiriza cultura popular e é mais conhecido por participações especiais em filmes, em especial os policiais pastelões com o saudoso Leslie Nielsen.
As cenas de luta fazem referências tanto a filmes quanto a videogames, em especial a na Alemanha Nazi, em 2D, as coreografias e o cenário lembram Street Fighter e Mortal Kombat, com direito a Fatality, Brutality e tudo.
Quando falamos de viagem no tempo, logo nos lembramos de "The Terminator" (1984) e claro, "Back to The Future" (1985). Quando Hackerman comentou sobre a tal viagem, fiquei esperando pela referência, mas ela veio depois, muito melhor e com mais frequência. O DeLorean (O Lamborghini modificado usado como máquina do tempo por Marty McFly e o Dr. Emmett Brown em "Back to The Future") finalmente apareceu e mais sofisticada impossível em cenas com garotas e explosões.
Quando Fury está dirigindo até a cena do crime no final, é possível ver a parte interior do carro que se assemelha a "Knight Rider" (1982), logo ao lado está o HOFF9000, como David Hasseelhoff, referindo-se ao HAL9000, computador com inteligência artificial instalado na nave Discovery em "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968).
Esse é o tipo de filme que você necrosa quando acaba de assistir e o queixo fica arrastando no chão pegando poeira por um bom tempo. Para os que já estavam aguardando entusiasmados e cheio de expectativas, não sai menos do que maravilhado da sessão debaixo das cobertas. Kung Fury é o que podemos chamar de clássico não tendo nem um mês de lançamento.
Sandberg é provavelmente um nerdão que teve a ilustre ideia de parodiar nostalgicamente tudo o que não só fez sucesso, como tem importância na vida das pessoas. É a mesma forma de simbolismo da trilogia "Mercenários" do Stallone. Reunir todos os brucutus que conquistaram seu espaço na"Tela de Sucessos", "Tela Quente", "Domingo Maior", "Corujão" com muita porradaria e coisas absurdas de fazer você soltar risinhos de incredulidade mixado com fascínio. Só que esse não é pra homenagear só os fãs da daquela geração, é pra apresentar o mundo pra nossa também. Uma homenagem respeitosa. Vale a pena.
O filme está disponível no Youtube.