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Resenha: 007 Contra Spectre (2015)

Por: | 03:57 Deixe um comentário

Avaliação
  

"Spectre" chegou aos cinemas em 5 de novembro e já arrecadou mais de US$ 300 milhões no mundo todo. E Apesar de não ser tão aclamado pelas críticas, Sam Mendes resgatou grandes clássicos da franquia dando a "Spectre" seu devido valor por baixo da superficialidade que ele transparece. Na verdade, o ponto de vista das pessoas que acompanham Bond desde Sean Connery será um tanto diferente dos que começaram a acompanhar pelo Daniel Craig.

Alerta de Spoilers!

É de se reparar que, de Skyfall para cá, as cenas de ação estão sendo reduzidas a dramas e diálogos desconstrutivos com troca de olhares e dizeres nas entrelinhas. O que não é ruim, de maneira nenhuma, mas que pode vir a incomodar fãs e espectadores, já que uma das marcas da franquia são as perseguições em belos veículos e a porradaria em belos cenários. Mas, se reparar bem, ainda que a pancadaria não esteja rolando, o filme está sempre mantendo o ritmo e a correria só tende a piorar. Enquanto Bond entra no modo furtivo aqui, M está saindo na porrada lá pra defender sua integridade e a do Serviço Secreto. Sensacional, né? Ou não.

Um detalhe que difere este filme dos outros longas, tanto da franquia, quanto de diversos filmes com agentes secretos, é o envolvimento presencial do Serviço Secreto M16. Diferente do que estamos acostumados, como M (Ralph Fiennes), Q (Ben Wishaw) e Moneypenny (Naomi Harris) - principalmente M - auxiliando Bond em seus comunicadores caros, agora eles entram em campo junto com Bond, colocam a mão na massa e suam os colarinhos. Nada de ficar atrás de mesa de escritório com ar condicionado falando em aparelhinhos. O M que diga. Como nasci na década de '90, conheci James Bond como Pierce Brosnan, o que não especificamente por esse motivo, ele é meu favorito. E também M, como Judi Dench, até então não superei a substituição, mas Ralph Fiennes não deixa a desejar em nenhum dos papéis que faz. Em Spectre ele tem que lidar com Max Denbigh (Andrew Scott, o James Moriarty da série Sherlock), conhecido também como C, chefe de um serviço de inteligência cujo objetivo é substituir o programa 00 de agentes.

O que pode ter intervindo na qualidade de "Spectre" comparado a Skyfall e Casino Royale, por exemplo, foi a notabilidade e a construção do vilão. Para ser visto como o Número 1 de uma organização, esperávamos mais de seu potencial como vilão, se formos comparar com Raul Silva (Javier Bardem) de Skyfall que foi incrivelmente perturbador, ou Le Chiffre (Mads Mikkelsen) de Casino Royale, imprevisível e manipulador. Oberhauser faz o típico chefe que só manda mas não suja as mãos, a não ser que precise muito, além de ser um personagem perdido no filme. E o que salvou sua pele, foi ele ter sido vivido por Christoph Waltz.

Spectre

Spectre é a organização cujos membros são todos os vilões dos três últimos filmes da franquia do agente '00, agora comandado por Franz Oberhauser (Christoph Waltz), um sobrenome que pode não lhe parecer estranho, e realmente não é. Franz seria filho do alpinista Hannes Oberhauser, cuja primeira aparição foi no conto "Octopussy", de Ian Fleming. Hannes foi o mais próximo de um parente que James Bond já teve, mais precisamente, uma figura paterna. No caso, Bond seria irmão adotivo de Franz.Embora seja somente o nome da organização e o título do filme, o que pode ser uma coincidência - o que eu acredito que não - o significado de "Spectre", no nosso idioma "Espectro" seria "fantasma", "passado" no sentido figurado. O que esclarece um pouco mais os objetivos da trama, como Bond estar sendo assombrado pelo passado, por exemplo, já que por trás da organização, já que os membros já foram missões de Bond, muitos responsáveis pelas suas maiores perdas, como "M" e "Vesper Lynd", por exemplo.



Bond Girls
É uma pena que mulheres tão belas e talentosas sejam um tanto desperdiçadas nos filmes com noites calorosas e morte ou sumiço. Bons tempos aqueles de Bond Girls como Xenia Onatopp, Elektra King ou Miranda Frost, que ao invés de donzelas em perigo eram maravilhosas vilãs. Monica Bellucci vive Lucia Sciarra, a viúva desamparada que não resiste aos encantos de Bond, uma aparição semelhante ao seu papel em Malena. Bellucci daria uma ótima "Bad Bond Girl", e quem assistiu "Matrix Reloaded" meio que sabe do que eu estou falando. Madeleine Swann, é interpretada pela francesa Léa Seydoux, que, desde "Meia-Noite em Paris" dirigido por Woody Allen, e "Azul é a Cor Mais Quente", já deixou a entender seu propósito como atriz embora sua personagem como Bond Girl seja das mais cansativas. A começar pelo apego precipitado e inexplicável para com James. Foi um laço criado às pressas com sentimentalismo exagerado.

Writing's On The Wall
O tema de "Spectre" cantado por Sam Smith não convence até que você veja o filme, que acabou enquadrando em uma bela intro, que inclusive, se analisado, comprova tudo o que descrevi sobre "espectro" ali em cima. A música também tem influência de filmes como Goldfinger. Eu ainda espero pelo dia em que Lana Del Rey seja a voz de abertura de um filme do 007.

Referências e Easter Eggs

Franz Oberhauser Blofeld: E por falar em fantasmas do passado, apesar de carregar o nome de "Franz Oberhauser", o personagem de Waltz seria Ernst Stavro Blofeld, também conhecido como "Número 1". Blofed é chefe da organização Spectre e esteve assombrando Bond em diversos contos de Fleming. E claro, diversos filmes da franquia. Os primeiros e marcantes indícios de sua aparição foi em "Moscou contra 007" (1963) onde não mostra o rosto, somente as mãos acariciando seu gato branco. Em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967)  Blofeld é vivido por Donald Pleasence, onde mostra seu rosto pela primeira vez, careca e com uma cicatriz que cruza o lado direito do rosto de ponta a ponta e com seu Traje Mao (roupa que simboliza comunismo chinês). Suas outras aparições foram em 007 contra a Chantagem Atômica; 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade; 007 Os Diamantes São Eternos; 007 Somente Para Seus Olhos; 007 Nunca Diga Nunca Outra Vez.

007 Thunderball: A Cena no México é uma referência a cena de Madri-Gras de "007 Contra a Chantagem Atômica" (1965) dirigido por Terence Young.

Aston Martin DB5: Este foi o maior xodó de Bond ao longo da franquia, tanto nos filmes, como Goldfinger, Thunderball, GoldenEye, O Amanhã Nunca Morre, Casino Royale, Skyfall e Spectre quanto em jogos de videogame como Agent Under Fire e From Russia with Love.



Acabou se tornando necessário ter conhecimento dos outros filmes da franquia para ter um maior conhecimento da personalidade de Bond, já que Sam Mendes passou a coligar tanto as próprias sequências de Craig, quanto dos Bond's que o antecedem. Desde carros, bordões, relógios e outros acessórios explosivos à referências externas. Cada filme sempre teve respaldo das características do agente 00, mas nunca respectivamente de seus casos (tanto no sentido de negócios, quanto de mulheres), e a franquia segue tentando ser o mais coerente possível com a atualidade. Se formos comparar Sean Connery, Roger More e Pierce Brosnan, faziam coisas que fugia da realidade humana, até mesmo para um agente. Apanhavam muito, sangravam pouco, não suavam, não despenteavam seus cabelos, não sofriam e não choravam. Nunca transpareceram qualquer tipo de sentimento e havia sempre um sorriso no canto da boca e uma ajeitada na gravata a cada adversário que ia ao chão.

O James Bond de Craig é um sobrevivente. Não dá a cara a tiros porque é muito bom e garante que vai conseguir, ele faz porque é o trabalho, porque é a única coisa que o faz sentir-se vivo. Ele garante que o serviço será concluído, mas nunca que irá voltar vivo de lá. O James Bond de Daniel Craig apanha, sangra, soa, chora e sofre. Vive pela sombra, pela sorte. Faz o que pode, mas sempre bem feito. James Bond de Daniel Craig vai além das novels de Ian Fleming, do mulheril e do charlatanismo, Bond agora é humano. E preza para equilibrar agora sua humanidade com o trabalho, já que as perdas são muitas e quase inevitáveis.

"007 Contra Spectre" foi o último filme de Daniel Craig como James Bond.

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