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Resenha: O Último Exorcismo (2010)

Por: | 13:41
Avaliação

Queria dar início ao que eu tenho vergonha de chamar de resenha com uma piadinha, lá vai. Haja exorcista pra tanto jovenzinho possuído, hein? Eu ia continuar a piada mas planejei tanto que na hora de escrever, perdi o fio da meada. E também pensei com carinho em vocês em não dar esse desgosto.

Tenho um carinho especial por esse tipo de pseudo-documentário onde alguém guia uma câmera caseira o filme inteiro e quando você se da conta, está mais tonto do que pensou que fosse ficar, acompanhando a correria toda correria. Mais um filme do gênero found-footage (Ex: A Bruxa de Blair, Atividade Paranormal, Cloverfield, REC). Em O Último Exorcismo,  vemos a história do falso exorcista que acaba se envolvendo com um verdadeiro caso de possessão demoníaca e aí é só confusão.



Reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) que é o personagem principal, conta como é ser um falso pastor desde pequeno e como leva a vida com isso. O cara é tão charlatão que aposta com a "apresentadora" e responsável pelo áudio do falso documentário como pode inserir uma receita de bolo de banana em meio à sua pregação sem que seus fiéis nem ao menos percebam pelo tamanho envolvimento com o culto, e ele faz mesmo.

Até rola uns amém, aleluia e uns "uhul", sério. Cotton teve uma crise de fé após um incidente com seu filho que nasceu prematuro e que não sabia se ia sobreviver. É aí onde ele mostra que talvez nunca tenha acreditado em Deus, mas tendo crescido no meio daquilo, talvez nem tenha tido tempo para questionar sua fé, tinha talento e recebia por isso então não havia motivo para discutir. Seu objetivo em si é expor o ritual como uma fraude vinda de pessoas como ele para se aproveitar de pessoas que realmente acreditavam no exorcismo e nessa ideia de possessão demoníaca.

Acontece que o reverendo recebe um chamado, feito pelo pai de uma jovem que desconfia que sua filha venha estripando os animais de sua fazenda durante à noite, Cotton se encontra diante de uma situação real de possessão demoníaca. Até essa parte da história até consegui deduzir uma menina se fazendo de desentendida e que não lembrasse de nada sobre seu momento "Jack, O Estripador" até que ela começa a apresentar comportamentos realmente estranhos.


O que aconteceu de errado com esse filme talvez tenha sido a má execução da ideia ou talvez o errado sejamos nós que não sabemos assistir um filme. Estive dando uma olhada nas opiniões das pessoas em relação ao filme e acredito que mais da metade detestou. Depois do clássico O Exorcista (73), assistir à um filme de exorcismo causa a mesma dependência que as drogas no ser humano. Desde então ele é incapaz de assistir à um filme de exorcismo e se satisfazer com a falta de sensacionalismo.

O Exorcista é um clássico insuperável dos filmes de terror há anos e se formos parar para analisar é um enredo simplérrimo e até com clichês bobinhos mas que marcou a história do cinema e vai marcar pra sempre. Inclusive com efeitos especiais, apelações e uma ótima maquiagem. E é isso o que me desagradou no filme, faço parte dessas pessoas viciadas em um certo sensacionalismo cinematográfico, afinal, assisti ao filme sem nenhuma expectativa ou intenção a não ser a de tomar alguns sustos, me surpreender e tapar os olhos. Mas o próprio filme se deixar levar por uma apelação que ele não tem, como em um pôster onde a garotinha possuída se encontra andando nas paredes como um inseto e que no filme  – eu pelo menos não vejo –  não tem nenhuma cena do tipo. Ou no próprio trailer onde mostra a menina andando no teto em direção a câmera com uma faca na mão, que na verdade ela está no chão e está andando pra trás, como um animal se esquivando para se defender.

A intenção de realismo e a situação filmada de uma forma caseira é interessantíssimo e até se destaca dos filmes do gênero. Mas houve uma falha tanto do cineasta quanto dos espectadores. O que este filme tem que, dos que chamou a atenção, chamou pra valer, é um começo, um meio e um fim. O que é difícil encontrar em filmes de exorcismo já que, se investem em surtos demoníacos apelativos (descer a escada de ponta cabeça, se masturbar com um crucifixo, levitar da cama, revirar os olhos, vomitar nos outros, falar grosso e mexer com o psicológico do exorcista citando fatos da sua vida em que fazem ele se sentir um homem culpado) que desviam o foco do espectador da história, não precisam investir tanto em uma boa história.

É um filme que te decepciona mas ao mesmo tempo desperta seu interesse. Tem furos chatos na história, o mais pendente é o final, onde Nell (Ashley Evelyn Bell), que é a garotinha possuída está grávida, não se sabe se é do pai que é suspeito de estupro ou de sabe lá Merlin, quem. E da a luz (mais as trevas do que a luz) ao bebê que não é humano, notavelmente, durante um ritual. E depois disso se forma um vácuo enorme, se você estiver a ponto de fazer questão de tentar gostar do filme e entender, tem que ser paciente e infelizmente esperar a sequência do filme para que a história em si, espero eu, seja esclarecida. Eu me detestei por não gostar desse filme por ser fissurada com um estilo de filme desse gênero, mas não pude deixar de tentar compreendê-lo.

Dirigido por Daniel Stamm.
Elenco: Ashley Evelyn Bell, Patrick Fabian.