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Clube da Luta (1996)

Por: | 14:12 5 comentários
Desde quando comecei a jogar RPG na internet, isso uns anos atrás, passei a optar pelas histórias, livros mesmo, em primeira pessoa. Não é sempre que uma história de dupla personalidade é tão divertida e envolvente como Clube da Luta. Não existe a linguagem formal, é como uma roda de amigos conversando, contando as doideiras que já fizeram e tomando uma gelada. Parece uma aleatório, reúne ideias no papel e depois monta sua história. E Dito pelo próprio Chuck, que escrevia umas páginas aqui e ali na hora do trabalho, reunia histórias dos colegas para ajudar em seu livro.

O mais interessante de tudo é que vendo o pôster do filme ou ouvindo superficialmente falar do livro, você fica pensando, isso aí na capa é um sabonete? Sobre o que fala o livro, sabonetes? Por que tem um sabonete com sangue. A história é narrada pelo personagem principal cujo nome não é citado nem no livro e nem no filme.

O tal personagem sofre de insonia, frequenta reuniões de grupos de apoio com doenças graves como, parasita no sangue, diferentes tipos de câncer, demência orgânica e tuberculose. Como leitora sempre pensei que além de usar a dor alheia para preencher um certo vazio existencial ainda que artificialmente, ele os frequentava para ocupar o tempo em que não conseguia pregar os olhos. Nestas reuniões o personagem conhece Marla Singer, que se encontra na mesma situação que ele, ambos não estão doente, mas precisam de alguma forma preencher seu vazio existencial.

O personagem também tem uma tal de vida perfeita, sei lá, talvez tenha tudo que um cara sonhe em ter, um apartamento a seu gosto, móveis importados, um bom emprego. Não sei se posso dizer que o narrador é depressivo, posso dizer que ele dorme tão mal quanto eu, mas ele é meio pra baixo sim.

Dentro de mim sempre existe alguém que é tudo, que tem tudo. Essa segunda pessoa que eu já tive vontade de ser e que outras pessoas também e que até chegam a ser quando bebem a quarta ou quinta cerveja. Toda aquela história de "eu sou um bosta, ele é foda". Resumi com minhas palavras mais ou menos a relação entre o narrador e Tyler Durden, o criador do Clube da Luta. Tyler é tudo o que o narrador não é, ou o que talvez ache que não tenha coragem ou não seja capaz de ser.

A primeira noite do Clube da Luta começa no porão de um bar onde os primeiros membros se reúnem e Tyler dita as regras:

"A primeira regra do clube da luta é que você não fala sobre o clube da luta. A segunda regra do clube da luta é que Você não fala sobre o Clube da Luta. Quando alguém diz "pare" ou fica desacordado mesmo que esteja fingindo, a luta acaba. Apenas duas pessoas por luta. Uma luta por vez. Sem camisa e sem sapatos. As lutas duram o quanto tiverem que durar. Essas são as outras regras do clube da luta."

No decorrer da história essas duas regras são quebradas, dadas como extrema importância que isso não aconteça, isso acontece, o que era o propósito, para assim manter o Clube da Luta.

O mais interessante que se mostra na história é que, não foi nada planejado do tipo escritores famosos que ficam em seus escritórios com os óculos pendurados na ponta do nariz bufando e suspirando tentando escrever um livro. Chuck se mostra um cara comum como qualquer um, que escrevia umas páginas nos momentos entediantes no trabalho. A triângulo amoroso do narrador, Tyler e Marla. É o tipo complexo, não complexo, ainda que seja complexo não permita que você se perca, mas que se envolva com a história.

Tudo começou com David Fincher e alguns amigos de bom gosto que tanto falavam do Clube da Luta. Ficava pensando do que se tratava, já que chamava Clube da Luta e tinha um sabonete na capa. Fui até a Saraiva mais querida e comprei o DVD, assisti e minha primeira impressão foi apenas encanto, encanto com um cara que era um babaca e ao mesmo tempo era o cara mais respeitado do pedaço. Quem era quem? Uma das histórias sobre "dupla personalidade" mais interessantes que já vi. Gostaria de ter lido o livro antes mas se não fosse o filme talvez não tivesse conhecido o livro. É claro que vale a pena, vale a pena alugar em qualquer biblioteca, vale a pena ter em casa para ler quando quiser e pegar algumas citações.

"Durante milhares de anos os humanos foderam, sujaram e fizeram merda com este planeta e agora a história espera que eu limpe tudo. Tenho que lavar e amassar minhas latas de sopa. E dar conta de cada gota de óleo de motor usado. E tenho que pagar a conta do lixo nuclear, tanques de combustível enterrados e terra cheia de lixo tóxico jogado lá uma geração antes de eu nascer." - página 154

Escrito por Chuck Palahniuk

5 comentários: Deixe o seu comentário

  1. Meu livro favorito de todos os tempos.
    Adaptações cinematográficas nunca vão superar obras literárias, mas David Fincher fez o melhor que alguém poderia ter feito. O filme está no meu top 5.

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    1. Realmente maravilhoso, na verdade outro diretor não teria feito melhor que Fincher, tenho certeza disso.

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  2. (e, dá até medo de estar cometendo uma heresia, mas tem uma ou duas partes em que eu preferi o filme ao livro)

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    1. Uma ou duas não, Lipe. Vamos combinar que muitas partes na visão de Fincher ficou tão bom quanto no livro. Mas ambos são digníssimos, está entre meus favoritos também.

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  3. Gostei muito da adaptação, conseguiram pegar pontos bem importantes da história e ambos te prendem até o final.

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