way2themes


Avaliação
  

"Spectre" chegou aos cinemas em 5 de novembro e já arrecadou mais de US$ 300 milhões no mundo todo. E Apesar de não ser tão aclamado pelas críticas, Sam Mendes resgatou grandes clássicos da franquia dando a "Spectre" seu devido valor por baixo da superficialidade que ele transparece. Na verdade, o ponto de vista das pessoas que acompanham Bond desde Sean Connery será um tanto diferente dos que começaram a acompanhar pelo Daniel Craig.

Alerta de Spoilers!

É de se reparar que, de Skyfall para cá, as cenas de ação estão sendo reduzidas a dramas e diálogos desconstrutivos com troca de olhares e dizeres nas entrelinhas. O que não é ruim, de maneira nenhuma, mas que pode vir a incomodar fãs e espectadores, já que uma das marcas da franquia são as perseguições em belos veículos e a porradaria em belos cenários. Mas, se reparar bem, ainda que a pancadaria não esteja rolando, o filme está sempre mantendo o ritmo e a correria só tende a piorar. Enquanto Bond entra no modo furtivo aqui, M está saindo na porrada lá pra defender sua integridade e a do Serviço Secreto. Sensacional, né? Ou não.

Um detalhe que difere este filme dos outros longas, tanto da franquia, quanto de diversos filmes com agentes secretos, é o envolvimento presencial do Serviço Secreto M16. Diferente do que estamos acostumados, como M (Ralph Fiennes), Q (Ben Wishaw) e Moneypenny (Naomi Harris) - principalmente M - auxiliando Bond em seus comunicadores caros, agora eles entram em campo junto com Bond, colocam a mão na massa e suam os colarinhos. Nada de ficar atrás de mesa de escritório com ar condicionado falando em aparelhinhos. O M que diga. Como nasci na década de '90, conheci James Bond como Pierce Brosnan, o que não especificamente por esse motivo, ele é meu favorito. E também M, como Judi Dench, até então não superei a substituição, mas Ralph Fiennes não deixa a desejar em nenhum dos papéis que faz. Em Spectre ele tem que lidar com Max Denbigh (Andrew Scott, o James Moriarty da série Sherlock), conhecido também como C, chefe de um serviço de inteligência cujo objetivo é substituir o programa 00 de agentes.

O que pode ter intervindo na qualidade de "Spectre" comparado a Skyfall e Casino Royale, por exemplo, foi a notabilidade e a construção do vilão. Para ser visto como o Número 1 de uma organização, esperávamos mais de seu potencial como vilão, se formos comparar com Raul Silva (Javier Bardem) de Skyfall que foi incrivelmente perturbador, ou Le Chiffre (Mads Mikkelsen) de Casino Royale, imprevisível e manipulador. Oberhauser faz o típico chefe que só manda mas não suja as mãos, a não ser que precise muito, além de ser um personagem perdido no filme. E o que salvou sua pele, foi ele ter sido vivido por Christoph Waltz.

Spectre

Spectre é a organização cujos membros são todos os vilões dos três últimos filmes da franquia do agente '00, agora comandado por Franz Oberhauser (Christoph Waltz), um sobrenome que pode não lhe parecer estranho, e realmente não é. Franz seria filho do alpinista Hannes Oberhauser, cuja primeira aparição foi no conto "Octopussy", de Ian Fleming. Hannes foi o mais próximo de um parente que James Bond já teve, mais precisamente, uma figura paterna. No caso, Bond seria irmão adotivo de Franz.Embora seja somente o nome da organização e o título do filme, o que pode ser uma coincidência - o que eu acredito que não - o significado de "Spectre", no nosso idioma "Espectro" seria "fantasma", "passado" no sentido figurado. O que esclarece um pouco mais os objetivos da trama, como Bond estar sendo assombrado pelo passado, por exemplo, já que por trás da organização, já que os membros já foram missões de Bond, muitos responsáveis pelas suas maiores perdas, como "M" e "Vesper Lynd", por exemplo.



Bond Girls
É uma pena que mulheres tão belas e talentosas sejam um tanto desperdiçadas nos filmes com noites calorosas e morte ou sumiço. Bons tempos aqueles de Bond Girls como Xenia Onatopp, Elektra King ou Miranda Frost, que ao invés de donzelas em perigo eram maravilhosas vilãs. Monica Bellucci vive Lucia Sciarra, a viúva desamparada que não resiste aos encantos de Bond, uma aparição semelhante ao seu papel em Malena. Bellucci daria uma ótima "Bad Bond Girl", e quem assistiu "Matrix Reloaded" meio que sabe do que eu estou falando. Madeleine Swann, é interpretada pela francesa Léa Seydoux, que, desde "Meia-Noite em Paris" dirigido por Woody Allen, e "Azul é a Cor Mais Quente", já deixou a entender seu propósito como atriz embora sua personagem como Bond Girl seja das mais cansativas. A começar pelo apego precipitado e inexplicável para com James. Foi um laço criado às pressas com sentimentalismo exagerado.

Writing's On The Wall
O tema de "Spectre" cantado por Sam Smith não convence até que você veja o filme, que acabou enquadrando em uma bela intro, que inclusive, se analisado, comprova tudo o que descrevi sobre "espectro" ali em cima. A música também tem influência de filmes como Goldfinger. Eu ainda espero pelo dia em que Lana Del Rey seja a voz de abertura de um filme do 007.

Referências e Easter Eggs

Franz Oberhauser Blofeld: E por falar em fantasmas do passado, apesar de carregar o nome de "Franz Oberhauser", o personagem de Waltz seria Ernst Stavro Blofeld, também conhecido como "Número 1". Blofed é chefe da organização Spectre e esteve assombrando Bond em diversos contos de Fleming. E claro, diversos filmes da franquia. Os primeiros e marcantes indícios de sua aparição foi em "Moscou contra 007" (1963) onde não mostra o rosto, somente as mãos acariciando seu gato branco. Em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967)  Blofeld é vivido por Donald Pleasence, onde mostra seu rosto pela primeira vez, careca e com uma cicatriz que cruza o lado direito do rosto de ponta a ponta e com seu Traje Mao (roupa que simboliza comunismo chinês). Suas outras aparições foram em 007 contra a Chantagem Atômica; 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade; 007 Os Diamantes São Eternos; 007 Somente Para Seus Olhos; 007 Nunca Diga Nunca Outra Vez.

007 Thunderball: A Cena no México é uma referência a cena de Madri-Gras de "007 Contra a Chantagem Atômica" (1965) dirigido por Terence Young.

Aston Martin DB5: Este foi o maior xodó de Bond ao longo da franquia, tanto nos filmes, como Goldfinger, Thunderball, GoldenEye, O Amanhã Nunca Morre, Casino Royale, Skyfall e Spectre quanto em jogos de videogame como Agent Under Fire e From Russia with Love.



Acabou se tornando necessário ter conhecimento dos outros filmes da franquia para ter um maior conhecimento da personalidade de Bond, já que Sam Mendes passou a coligar tanto as próprias sequências de Craig, quanto dos Bond's que o antecedem. Desde carros, bordões, relógios e outros acessórios explosivos à referências externas. Cada filme sempre teve respaldo das características do agente 00, mas nunca respectivamente de seus casos (tanto no sentido de negócios, quanto de mulheres), e a franquia segue tentando ser o mais coerente possível com a atualidade. Se formos comparar Sean Connery, Roger More e Pierce Brosnan, faziam coisas que fugia da realidade humana, até mesmo para um agente. Apanhavam muito, sangravam pouco, não suavam, não despenteavam seus cabelos, não sofriam e não choravam. Nunca transpareceram qualquer tipo de sentimento e havia sempre um sorriso no canto da boca e uma ajeitada na gravata a cada adversário que ia ao chão.

O James Bond de Craig é um sobrevivente. Não dá a cara a tiros porque é muito bom e garante que vai conseguir, ele faz porque é o trabalho, porque é a única coisa que o faz sentir-se vivo. Ele garante que o serviço será concluído, mas nunca que irá voltar vivo de lá. O James Bond de Daniel Craig apanha, sangra, soa, chora e sofre. Vive pela sombra, pela sorte. Faz o que pode, mas sempre bem feito. James Bond de Daniel Craig vai além das novels de Ian Fleming, do mulheril e do charlatanismo, Bond agora é humano. E preza para equilibrar agora sua humanidade com o trabalho, já que as perdas são muitas e quase inevitáveis.

"007 Contra Spectre" foi o último filme de Daniel Craig como James Bond.

O Dia das Bruxas está aí e pra quem pretende passar o final de semana em casa, o Desconstruindo Mad catalogou uns filminhos bacanas pra galerinha caseira aproveitar. A seleção explora subgêneros do terror de todos os gostos. Clique na imagem para ser redirecionado para a página do filme no Filmow.



Avaliação


Goosebumps para os que estão chegando agora, é uma série de livros voltado para o público infantil e adolescente na década de '90, sob autoria de R. L. Stine . Muitos dos contos tiveram adaptações cinematográficas e compunham um seriado de televisão que a galera aí na faixa dos vinte e poucos acompanhou com certeza na Fox Kids e Jetix da vida.

Ficou meio claro que, pelo seguimento do filme, quiseram de uma forma sútil trazer o aclamado título da série à tona novamente pros fãs old school e ao mesmo tempo apresentar pra geração atual. Até porque se fosse seguir mesmo ritmo assombro da série que a gente assistia na época, meus amigos, seria tenebroso. E provavelmente o público alvo não seria infanto-juvenil, não com o que poderiam fazer com a condições tecnológica de hoje em dia. Não sei se era porque eu era muito criança, ou se as séries eram mesmo bem feitas e assustadoras que eu tenho nas lembranças até hoje. Não é qualquer clichê de terror. São medos reais de pessoas, como monstros, palhaços, lobisomens, bonecos. Alguns dos medos mais comuns em pessoas de várias idades. Eu lembro que dormia bem mal quando assistia, isso se dormisse. Ainda não tive a oportunidade de ler os livros, então tudo o que eu conheço é baseado no que assisti quando mais nova. O que já é meio que o suficiente.

Zach e sua mãe Gale acabam de se mudar para uma nova casa em uma cidade pequena para tentar seguir uma vida diferente e superar a morte do pai. Como retratado na maioria dos adolescentes em filmes onde eles têm a necessidade de mudar de casa, Zach não se mostra adepto logo de cara a casa nova e escola nova. Mas tenta lidar com isso com muito mais maturidade. Zach conhece sua vizinha Hannah, um tanto extrovertida e invasiva. Zach começa a achar estranho e curioso o quão seja restrita pelo pai sua convivência em sociedade. Curioso e desconfiado, o garoto junto de seu amigo champ invade a casa de Hannah e encontra algumas das obras de R. L Stine selados com cadeados muito bem protegidos. Os garotos descobrem que o pai da Hannah é o próprio autor dessas obras e o porquê de estarem tão bem guardadas. Quando abertos, os livros liberam os antagonistas de suas histórias trazendo-os para a realidade.

Até certa parte do filme, tudo segue nos conformes como aqueles filmes adolescentes com aventuras fictícias juvenis estilo Jumanji, Nárnia ou Zathura. Até que aparece o majestoso Jack Black, que embora não seja o fato do personagem dele ser o autor das obras que chame a atenção, ele é o Jack Black. Tudo começa a girar em torno dele e o protagonista da história que é o molecão Zach acaba sendo ofuscado. É muito difícil mesmo se sobressair ao lado de Jack Black, mas o personagem menos provável é que acaba conseguindo. Champ, interpretado por Ryan Lee. Champ faz aquele amigão medroso que está com você pra tudo, a não ser que ele esteja correndo perigo, aí ele não está mais com você pra nada, muito pelo contrário, se puder te usar pra ganhar tempo, ele vai. Mas é uma boa pessoa.


Eu tenho um problema sério com referências, porque na maioria das vezes eu vejo referências em tudo, até onde não tem. E aconteceu com este filme também. Em determinada parte, o personagem de Jack Black estará amarrado por cordas no chão da cozinha e aquela cena lembra muito um filme em que ele protagonizou que é "As Viagens de Gulliver". Outra cena que também identifiquei uma referência, mais especificamente, uma loucura da minha cabeça. Em uma das cenas, Stine (Jack Black) fica a frente de Champ, Zach e Hannah com os braços esticados protegendo-os do lobisomem. E essa cena me lembrou "Harry Potter e O Prisioneiro de Azkaban", na cena em que Snape faz a mesma coisa que Stine diante de Harry, Rony e Hermione quando Lupin na forma de Lobisomem está prestes a atacá-los, cheguei até a arrepiar nessa parte.

A estética visual do filme em cada detalhe é maravilhoso. É muito difícil saber se as pessoas imaginam visualmente personagens da mesma forma que outras. E Rob Letterman parece ter usado seus medos de criança para dar forma aos monstros, suas características e visual. Esse filme é um bom toque pra marmanjada pegar a série e apresentar pras suas crias, amigos e qualquer pessoa do meio de convivência que ainda não conheça, porque vale a pena. Toda dinâmica do filme, química e união dos personagens. Jack Black, assim como em "Escola de Rock", parece ser o paizão da molecada, sempre aparentando fazer com que todo mundo fique alegre e bem à vontade trabalhando com ele. E é muito bacana isso. É um bom filme. De diversas formas ele poderia ter sido apresentado, podendo até vir a aproveitar melhor o que queria ter sido apresentado. Seja em susto, seja na própria história, mas não desvalorizou o que ele se tornou. É uma baita nostalgia.

Enfrentam seus monstros, meus amigos.

Direção de Rob Letterman.
Elenco: Dylan Minnette (Zach Cooper), Odeya Rush (Hannah), Jack Black (Stine, Slappy, Menino Invisível).
Avaliação
Lembro-me quando fui assistir o primeiro filme da franquia, ainda estava entrando no universo "found footage" e aquilo pra mim era inovador, assustador e "uau". Eu tinha quinze anos e minha vida na época já era assombrosa o suficiente. Este filme na época havia conquistado um grande público (incluindo eu), começando já pelo marketing, aquela ideia de substituir o trailer do filme pela reação dos expectadores, sensacional. Percebi que o lucro havia subido pra cabeça dos produtores e diretores que tomavam a frente as incansáveis sequências. E no que resultou em filmes sendo produzidos até hoje. Estamos de volta nesse novo longa da Paramount, declarado (por hora) o último dessa franquia lucrativa e mixuruca que é "Atividade Paranormal". 

Primeiro de tudo, 3D não me convence. Eu só arrisco filmes 3D se aparentar ser muito bom ou se a rede não estiver disponibilizando 2D onde eu estiver. Fora isso, é totalmente dispensável. E me desculpe, não camufla filme ruim.  


A história se repete. Uma família formada por dois adultos e uma criança se muda para uma casa, encontra uma caixa de fita cassete com vídeos de pessoas que moravam na casa antes deles, como que repercutindo toda franquia pelos VHS — o que é legal até pra quem não viu nem um filme até então — e descobrem uma câmera que mostra coisas que não captamos a olho nu (nem outras câmeras) e a menina começa a se comportar que nem uma esquisitinha, ponto.

O filme mantém a fórmula dos sustos calculados, aqueles que fazem segundos de tensão te avisando que você vai se assustar, personagens imbecis e toda aquela previsibilidade. Eu até chegava a pensar que eram truques de filmes de terror clássicos como aqueles em que a mocinha ouve um barulho na cozinha e pergunta "Quem está aí?", esperando que o assassino diga que é ele e pergunte se ela quer que faça um lanchinho. Também pensei que este filme fosse esclarecer todos os buracos cavados na franquia, mas só piorou. Falou muito para quem não disse nada. E se for levar em consideração a explicação de todos os casos que é dada no final, acaba sendo mais ridículo ainda. Porque não precisaria seis filmes para finalmente desenvolver toda história que foi tão arrastada  — e lucrativa. O que foi feito em seis filmes, já foi feito em vários outros filmes que não precisaram de sequências, com muito mais coerência, os sustos que tanto gostamos e qualidade. Ou seja, não colou a história.


Às vezes, quando vamos discutir sobre filmes com as pessoas — eu digo até por mim  — quando alguém fala sobre roteiro fraco e todo aquele mimimi, já até incomoda devido a remessa de exigentes que sempre "esperavam mais" de tudo que assistem. Mas há casos, como este por exemplo, em que nem ao menos existe um roteiro pra poder ser avaliado. É como se já não tivesse mais o que inventar, então eles começam a derrubar câmeras, fazer barulhos estranhos e jogar móveis "na cara" dos expectadores com suas versões 3D, para tentar causar boa impressão como filme de terror. Porque enquanto estiver dando lucro eles vão continuar fazendo filmes. Contanto que o final é uma imensa brecha para quem quiser continuar com a patifaria toda.

O que desgastou ainda mais foi terem cometido o mesmo erro que a refilmagem de "Poltergeist - O Fenômeno", que é dar formas a entidades do além. Tudo o que é explícito demais dentro de filmes de terror acaba estragando o suspense e muitas vezes a qualidade do filme (se já não tiver, pior ainda). E foi o que aconteceu. A "alegria" da criançada, que é o querido Toby (o Melocoton da molecada dos filmes) agora pode ser visto como um "espectro". E eu nem sei se posso usar esse termo pois geralmente se adequam a fantasmas. E todo mundo sabe, o Toby não é um. Durante o filme, a famosa filmadora capta a presença do nosso amiguinho junto a família dentro de casa diversas vezes parecendo o Groot de Guardiões da Galáxia.. E o que mais dá poder a filmes de terror é a imaginação, pronto, agora sem privilégio de um filme de terror decente e sem privilégio de poder usar a imaginação.

Pelo país estar em crise, reforça ainda mais a seletividade na hora de comprar ingresso para um filme. Esse eu vou dizer, não vale um real.

Direção de Gregory Plotkin.

Confira resenha do primeiro filme da franquia Atividade Paranormal.

Avaliação

No dia 16 de Outubro, o Netflix lançou seu primeiro longa adaptado do romance do autor Uzodinma Iweala que teve sua exibição simultânea com redes selecionadas de cinemas. Sejamos sensatos, em época de grandes esperas e sucessos de bilheteria, dificilmente darão espaço para um filme sem grande publicidade, embora seja de qualidade indescritível como a maioria das produções do serviço streaming. E depois de assistir esse filme, é compreensível que diversos estúdios cinematográficos estejam se sentindo ameaçados com as produções do Netflix.

O protagonista é Agu (Abraham Attah), uma criança que vê seu lar, amigos e família serem dizimados pela guerra civil que está tomando um país no oeste da África. O pequeno foge e é capturado por um exército de crianças orfãs que agem sob as ordens do Comandante (Idris Elba). O jovem agora luta ao lado de seus semelhantes, motivado a reencontrar o que sobrou de sua família. 








Beasts of no Nation é o terceiro longa do americano Cary Joji Fukunaga (True Detective). Embora não conheça muito de seu trabalho para comparar, o cineasta teve todo cuidado em produzir com sensibilidade, mesmo que de forma crua, essa realidade pouco retratada com um diferencial em produções cinematográficas.

Mesmo em um cenário onde mostram crianças guerrilhando como homens adultos, num conflito de medo e esperança. Fukunaga corta para momentos em que mostra que parte da infância e sonhos que ainda não foram totalmente corrompidos. Momentos em que podem sonhar com o beijo da mãe, uma cama quente para dormir e um prato de comida. O diretor também trabalha a união de cores que dá vida a essa realidade marrom e cinza com branco, azul, verde e vermelho.

O personagem vivido pelo Idris Elba partilha do destaque do pequeno Agu. Um personagem manipulador e nojento mas com toque paternal. Ele instrui crianças para sobreviverem ao inferno em que vivem, armando-os até os dentes mas tentando empenhando-se a dar a elas o que o que foi tirado pela guerra, violência e destruição: família. 


Muito da qualidade do filme da-se pela narrativa, o pequeno Agu descrevendo cada momento e sensação durante suas jornadas sangrentas, expondo-o de dentro pra fora.

"Agora conheço o cheiro dos mortos. São doces como cana-de-açúcar. E podre como vinho de palma"

Por mais espetacular que possa ser o trabalho do Fukunaga, não foge à cabeça a ideia de que ele possa ter sido oportunista em relação a visão extremista violenta. Infelizmente, é a impressão que se dá a tudo que venha a ser retratado cinematograficamente por um cineasta americano, o estereótipo. De maneira nenhuma desmerecendo o trabalho do diretor.

Esse filme faz a gente perceber que, a verdadeira realidade está nos cinemas. E nós é que vivemos uma história de ficção. É uma bela obra. Eu sempre gostei bastante de filmes que me façam pensar na minha vida e no mundo em que vivo. Em tudo, pra falar a verdade.

Netflix mandou bem demais nessa sua primeira produção sem ser uma série ou um documentário, se isso é só o começo do que estar por vir, os estúdios Hollywoodianos que se segurem.

Direção: Cary Joji Fukunaga
Elenco: Idris Elba, Abraham Attah, Jude Akuwudike, Emmanuel Nii Adom Quaye.

Avaliação 

Eu sou muito fã de filmes de super-heróis. E até para mim que gosto muito, reconheço que os exageros estão desgastando o gênero. Acho interessante o espaço que os superpoderosos conquistaram, mas pelo excesso está ficando ultrapassado. Quantos filmes de heróis teremos no cinema por ano, dez, quinze? Eu cheguei a conclusão depois de assistir Quarteto Fantástico.

Diferente das adaptações anteriores, o Quarteto agora é formado por personagens mais jovens, tentando reintegrar com a geração "Ultimate".

Eu nunca fui muito fã dessa remessa de heróis da Marvel (tá, tá...Fox). Sempre achei que embora a origem deles fosse interessante, os próprios super-heróis mesmo nunca foram de fato bem usados ou explorados e até mesmo atrativos. O que me fez assistir os filmes do Tim Story sem nenhuma expectativa. E do Josh Trank também. Apesar disso, este veio a ser um dos filmes de heróis mais aguardados de 2015 pelos fãs dos quadrinhos, que acabaram criando esperança em cima de um reboot decente. A prova do fiasco é que o filme rendeu R$ 25 milhões de dólares, comparado aos antecessores que conseguiram R$58 milhões

Depois houve um baita desentendimento entre Trank e a Fox. Primeiro, descobrimos que Simon Kinberg (X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido) está envolvido com o roteiro, de repente que a Fox resolveu de última mexer em elenco e fazer alterações roteiro. E ainda por cima cortar R$10 milhões do orçamento combinado, o que acarretou uma avalanche de gafes, cenas deletadas e aborrecimento. O diretor não queria Kate Mara (Mulher Invisível) no elenco, mas os produtores o obrigaram, Trank era hostil e tinha um péssimo relacionamento com a atriz durante as filmagens. O mesmo com Milles Teller (Sr. Fantástico). Os produtores convencera o diretor a trabalhar com Milles mas acabou não dando certo e entrou mais um conflito pra coleção. O diretor comentou em seu Twitter "Um ano atrás, eu tinha uma visão fantástica para o filme. Ela teria recebido ótimas críticas. Vocês provavelmente nunca vão vê-la. É a realidade", culpando a Fox pelo fiasco que foi o filme.

Embora os filmes de heróis não sejam do tipo que necessite de roteiros espetaculares, por se tratar de adaptações, é preciso sim que seja bem feito e tenha extensibilidade. É preciso explicar de forma precisa e completa a origem dos poderes e explorar cada personagem. Tudo parece ter sido feito muito às pressas e no relaxo. E foi mesmo. Reed toma as telas maior parte do tempo. E mesmo quando Sue, Ben e Johnny estão na ativa, na maioria das vezes se trata de Reed. Além de não serem bem explorados, os destaques não foram bem distribuídos.

Uma das características do Quarteto é a relação familiar entre eles. E é o que o Dr. Storm implora o filme praticamente inteiro e não acontece. Os atores pelos trabalhos paralelos que conhecemos são incríveis, mas as turbulências nas gravações fez com que, tanto o roteio quanto os personagens ficassem perdidos e desconexos.

O filme começa parecendo um Sci-fi a lá J. J. Abrams, cheio de mistérios e suspense. E de repente estamos perdidos naqueles filmes da Sessão da Tarde, transbordando clichês e efeitos especiais mixurucas. Victor Von Doom é tão importante quanto todo quarteto dentro dos quadrinhos. E aparece na pele de um garoto metido a rebelde cheio de frases de efeito do "Pensador Uol" vindo a se tornar um antagonista revoltado e sedento por destruição, mas sem justificativas muito plausíveis.

Este é um dos filmes do qual não se arrependerá tanto de ver se não tiver gastado dinheiro pra isso, um ingresso dispensável, infelizmente.


Direção: Josh Trank.
Elenco: Miles Teller  (Reed Richards/Sr. Fantástico), Kate Mara  (Sue Storm/ Mulher Invisível), Toby Kebbell  (Victor Von Doom / Dr. Doom), Jamie Bell  (Ben Grimm / The Thing), Michael B. (Jordan  Johnny Storm/Tocha Humana), Reg E. Cathey  (Dr. Franklin Storm).