Spectre é a organização cujos membros são todos os vilões dos três últimos filmes da franquia do agente '00, agora comandado por Franz Oberhauser (Christoph Waltz), um sobrenome que pode não lhe parecer estranho, e realmente não é. Franz seria filho do alpinista Hannes Oberhauser, cuja primeira aparição foi no conto "Octopussy", de Ian Fleming. Hannes foi o mais próximo de um parente que James Bond já teve, mais precisamente, uma figura paterna. No caso, Bond seria irmão adotivo de Franz.Embora seja somente o nome da organização e o título do filme, o que pode ser uma coincidência - o que eu acredito que não - o significado de "Spectre", no nosso idioma "Espectro" seria "fantasma", "passado" no sentido figurado. O que esclarece um pouco mais os objetivos da trama, como Bond estar sendo assombrado pelo passado, por exemplo, já que por trás da organização, já que os membros já foram missões de Bond, muitos responsáveis pelas suas maiores perdas, como "M" e "Vesper Lynd", por exemplo.
É uma pena que mulheres tão belas e talentosas sejam um tanto desperdiçadas nos filmes com noites calorosas e morte ou sumiço. Bons tempos aqueles de Bond Girls como Xenia Onatopp, Elektra King ou Miranda Frost, que ao invés de donzelas em perigo eram maravilhosas vilãs. Monica Bellucci vive Lucia Sciarra, a viúva desamparada que não resiste aos encantos de Bond, uma aparição semelhante ao seu papel em Malena. Bellucci daria uma ótima "Bad Bond Girl", e quem assistiu "Matrix Reloaded" meio que sabe do que eu estou falando. Madeleine Swann, é interpretada pela francesa Léa Seydoux, que, desde "Meia-Noite em Paris" dirigido por Woody Allen, e "Azul é a Cor Mais Quente", já deixou a entender seu propósito como atriz embora sua personagem como Bond Girl seja das mais cansativas. A começar pelo apego precipitado e inexplicável para com James. Foi um laço criado às pressas com sentimentalismo exagerado.
Writing's On The Wall
O tema de "Spectre" cantado por Sam Smith não convence até que você veja o filme, que acabou enquadrando em uma bela intro, que inclusive, se analisado, comprova tudo o que descrevi sobre "espectro" ali em cima. A música também tem influência de filmes como Goldfinger. Eu ainda espero pelo dia em que Lana Del Rey seja a voz de abertura de um filme do 007.
Referências e Easter Eggs
Franz Oberhauser Blofeld: E por falar em fantasmas do passado, apesar de carregar o nome de "Franz Oberhauser", o personagem de Waltz seria Ernst Stavro Blofeld, também conhecido como "Número 1". Blofed é chefe da organização Spectre e esteve assombrando Bond em diversos contos de Fleming. E claro, diversos filmes da franquia. Os primeiros e marcantes indícios de sua aparição foi em "Moscou contra 007" (1963) onde não mostra o rosto, somente as mãos acariciando seu gato branco. Em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" (1967) Blofeld é vivido por Donald Pleasence, onde mostra seu rosto pela primeira vez, careca e com uma cicatriz que cruza o lado direito do rosto de ponta a ponta e com seu Traje Mao (roupa que simboliza comunismo chinês). Suas outras aparições foram em 007 contra a Chantagem Atômica; 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade; 007 Os Diamantes São Eternos; 007 Somente Para Seus Olhos; 007 Nunca Diga Nunca Outra Vez.
007 Thunderball: A Cena no México é uma referência a cena de Madri-Gras de "007 Contra a Chantagem Atômica" (1965) dirigido por Terence Young.
Aston Martin DB5: Este foi o maior xodó de Bond ao longo da franquia, tanto nos filmes, como Goldfinger, Thunderball, GoldenEye, O Amanhã Nunca Morre, Casino Royale, Skyfall e Spectre quanto em jogos de videogame como Agent Under Fire e From Russia with Love.
Acabou se tornando necessário ter conhecimento dos outros filmes da franquia para ter um maior conhecimento da personalidade de Bond, já que Sam Mendes passou a coligar tanto as próprias sequências de Craig, quanto dos Bond's que o antecedem. Desde carros, bordões, relógios e outros acessórios explosivos à referências externas. Cada filme sempre teve respaldo das características do agente 00, mas nunca respectivamente de seus casos (tanto no sentido de negócios, quanto de mulheres), e a franquia segue tentando ser o mais coerente possível com a atualidade. Se formos comparar Sean Connery, Roger More e Pierce Brosnan, faziam coisas que fugia da realidade humana, até mesmo para um agente. Apanhavam muito, sangravam pouco, não suavam, não despenteavam seus cabelos, não sofriam e não choravam. Nunca transpareceram qualquer tipo de sentimento e havia sempre um sorriso no canto da boca e uma ajeitada na gravata a cada adversário que ia ao chão.
O James Bond de Craig é um sobrevivente. Não dá a cara a tiros porque é muito bom e garante que vai conseguir, ele faz porque é o trabalho, porque é a única coisa que o faz sentir-se vivo. Ele garante que o serviço será concluído, mas nunca que irá voltar vivo de lá. O James Bond de Daniel Craig apanha, sangra, soa, chora e sofre. Vive pela sombra, pela sorte. Faz o que pode, mas sempre bem feito. James Bond de Daniel Craig vai além das novels de Ian Fleming, do mulheril e do charlatanismo, Bond agora é humano. E preza para equilibrar agora sua humanidade com o trabalho, já que as perdas são muitas e quase inevitáveis.
"007 Contra Spectre" foi o último filme de Daniel Craig como James Bond.