way2themes

Resenha: Zelig (1983)

Por: | 02:13

Avaliação

O Woody Allen é o tipo de cara que gosta de ir bem fundo na realidade e mostrá-la de diversas formas possíveis, mas a seu modo. Nos dar a ideia do quanto pode ser excitante estar em um triângulo amoroso. Ter um desses romances inusitados e nos deixar levar por nossos problemas psicológicos. Passei a ter certeza disso depois de assistir a uns três filmes dele, e foi o bastante. Um pseudo-documentário Woody Allen à la carte.

 A comédia é propositalmente semelhante a um documentário de verdade e fala de Leonard Zelig, interpretado pelo próprio Allen. O homem-camaleão, que tinha o dom de modificar a aparência para agradar as outras pessoas.

A necessidade do ser humano de ser aceito. Ou até mesmo só querer estar em algum lugar sem ser visto ou tratado com indiferença. O que faz com que as pessoas muitas vezes deixe sua personalidade de lado, ansiando por uma adaptação em todos os meios-sociais e acabando que se esquecendo de quem são.



Leonard Zelig é um zé ninguém que em sua infância passou por um trauma absurdo ao descobrir que era o único garoto da turma que não tinha lido Moby Dick. O que fez com que se sentisse exclúido e, para não se sentir assim. Zelig adquiriu a estranha capacidade de assemelhar fisicamente e mentalmente às pessoas que o rodeiam para assim se sentir aceito por elas. Se estivesse entre cozinheiros, virava cozinheiro; entre negros, ficava negro, entre gordos, tornava-se gordo, em um grupo de médicos, tornava-se um médico; Se estivesse entre chineses, falava, agia e assemelhava-se aparentemente e perfeitamente à um chinês.

Uma psicanalista, Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow) é a única que realmente se importa em ajudar o pobre Zelig a se curar de sua doença. Sem mais nem menos, percebemos antes dela mesma que isso se torna uma obsessão. Zelig faz o tal tratamento e depois de muito esforço e piração (da minha parte, que estava assistindo e frustrada com a sessões de hipnose da Dr.a Fletcher), Zelig lentamente desenha sua própria personalidade. Zelig ficou famoso mundialmente. "Ganhou" músicas, danças, um filme a seu respeito e objetos inspirados nele, tornando-o parte da cultura naquela época.


O filme se passa na década de 1920 e 30, embora seja um falso documentário, é tão estupidamente bem feito que faz com que pareça real. Em um de seus distúrbios, Zelig vai parar na Alemanha um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, trabalhando para os Nazistas. A cena em que Zelig aparece junto a Hitler é de tamanha perfeição, que não da pra não dizer mesmo de brincadeira que Woody Allen deu um aperto de mão em um dos maiores nomes da história.

O filme é todo em preto e branco com algumas cenas com cores que são as que mostram grandes estudiosos  interpretando eles mesmos e falando sobre Zelig, de um ponto de vista atual (daquele tempo), sobre sua doença e toda a influência que o "camaleão" deu naquela época. Mesmo que seja impossível a ideia de uma pessoa que se transforma aparentemente e intelectualmente nas pessoas que o rodeiam. Não é tão difícil de acreditar que Leonard Zelig não é só um personagem fictício de Woody Allen.

Dirigido por Woody Allen.
Elenco: Woody Allen, Mia Farrow